Não sei onde ou quando comecei a não gostar de aniversário, especificamente de comemorar o meu aniversário.
Mas há anos não tem sido um dia bom, agradável. Desde o acordar já começa com dores de cabeça, angústias, palavras ríspidas e jogadas de coisas na cara vindas da minha mãe. Hoje por exemplo, posso ressaltar que o ponto de mais ternura foi ter ligado pra minha avó. Mas também bateu aquele aperto porque era ela quem ligava primeiro, pra ser a primeira a me dar os parabéns. Todo dia 28 de fevereiro, às 7 da manhã tocava o meu celular com a chamada da minha avó. Me desejando as coisas mais lindas e belas do mundo, pedindo benção aos céus e todos os Santos, agradecendo a neta que sempre fui e tudo mais… aquilo me enchia de lágrimas e dor no peito por nunca estar ao lado dela. Afinal, ela mora lá na ponta do país. E hoje, depois de falar comigo, pediu para falar com a minha mãe, e fica naquela de papo vai e papo vem, ela pede pra minha mãe “filha, chama sua mãe pra vovó”. Essa semana soube que ela foi diagnosticada com princípio de alzheimer, até então não tinha caído a ficha. Mas com aquela frase dita por ela, me trouxe um baque. Minha vó está longe, eu não posso fazer nada para ajudar, minha mãe quer ser o centro das atenções e mesmo assim sem chances de conseguir ir morar lá. Por aí já vimos que minha manhã começou daquele jeito, nada feliz novamente.
Recebi um convite de almoçar junto com a namorada, e aceitei. Foi um ponto legal, me tirou daquele caos que é minha casa mas durou pouco. Até achei que a noite seria com fechamento de chave de ouro por ter lido um “mas no seu niver é uma exceção né meu amor! Aí não tem dança, nem treino… é você”.
Já pensei o que? “Oba, vamos comer a pizza que eu amo, terei atenção e dengo”
Mas não foi isso, claro. Após uns três pedaços de pizza, ela foi brincar com o afilhado e me deixou plantada na mesa com os convidados. Não foram só dez minutos… o que me deixou chateada, foi que no aniversário da mãe dela, ela permaneceu ao meu lado, e no meu aniversário, fui deixada de lado. Todos ao meu redor sabem que eu não gosto que cantem parabéns, de apagar velas e essas coisinhas. Ela comprou bolo, vela, cantei parabéns mas não quis apagar vela, depois de insistências, apaguei com o afilhado. E ao irmos embora, ficou puta comigo por eu não querer apagar a vela. Mas eu não poderia ficar por ser deixada na mesa.
Eu só quis sumir. Correr o mais rápido pra minha casa. Ficar no meu silêncio. Aceitar que o dia do meu aniversário é um karma. E chorar no silêncio da madrugada pra repensar minha vida nesse novo ano.
E repensei:
-não usarei mais redes sociais com a mesma frequência.
-não correrei atrás dela.
-voltarei a escrever aqui pra me sentir um pouco melhor.
-preciso focar nesse final de faculdade.
-preciso escutar música, ler e escrever.
-necessito voltar a caminhar
-saber que sou só eu e meus três cachorros, e isso me basta.