sábado, 16 de março de 2024

Solidão

Como lidar com a pressão, a tristeza de ter uma pessoa alcoólatra dentro de casa?
Os dias estão ficando insuportáveis, do acordar ao dormir. Já não tenho mais forças pra aguentar tanta asneira cuspida na minha cara, tanta rancor e ódio que tem dos demais e vem vomitar tudo em cima de mim. Que culpa eu tenho? Segundo dia seguido de lágrimas e nó na garganta. 
É um relacionamento que estava a mil maravilhas numa semana e já virou totalmente de cabeça pra baixo. É uma mãe que foge dos problemas se afogando no álcool e machucando os outros com suas palavras baixas e nojentas. Eu já não sei pra onde correr, sendo que meu refúgio está de cabeça pra baixo.

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Não sei onde ou quando comecei a não gostar de aniversário, especificamente de comemorar o meu aniversário. 
Mas há anos não tem sido um dia bom, agradável. Desde o acordar já começa com dores de cabeça, angústias, palavras ríspidas e jogadas de coisas na cara vindas da minha mãe. Hoje por exemplo, posso ressaltar que o ponto de mais ternura foi ter ligado pra minha avó. Mas também bateu aquele aperto porque era ela quem ligava primeiro, pra ser a primeira a me dar os parabéns. Todo dia 28 de fevereiro, às 7 da manhã tocava o meu celular com a chamada da minha avó. Me desejando as coisas mais lindas e belas do mundo, pedindo benção aos céus e todos os Santos, agradecendo a neta que sempre fui e tudo mais… aquilo me enchia de lágrimas e dor no peito por nunca estar ao lado dela. Afinal, ela mora lá na ponta do país. E hoje, depois de falar comigo, pediu para falar com a minha mãe, e fica naquela de papo vai e papo vem, ela pede pra minha mãe “filha, chama sua mãe pra vovó”. Essa semana soube que ela foi diagnosticada com princípio de alzheimer, até então não tinha caído a ficha. Mas com aquela frase dita por ela, me trouxe um baque. Minha vó está longe, eu não posso fazer nada para ajudar, minha mãe quer ser o centro das atenções e mesmo assim sem chances de conseguir ir morar lá. Por aí já vimos que minha manhã começou daquele jeito, nada feliz novamente.
Recebi um convite de almoçar junto com a namorada, e aceitei. Foi um ponto legal, me tirou daquele caos que é minha casa mas durou pouco. Até achei que a noite seria com fechamento de chave de ouro por ter lido um “mas no seu niver é uma exceção né meu amor! Aí não tem dança, nem treino… é você”.
Já pensei o que? “Oba, vamos comer a pizza que eu amo, terei atenção e dengo”
Mas não foi isso, claro. Após uns três pedaços de pizza, ela foi brincar com o afilhado e me deixou plantada na mesa com os convidados. Não foram só dez minutos… o que me deixou chateada, foi que no aniversário da mãe dela, ela permaneceu ao meu lado, e no meu aniversário, fui deixada de lado. Todos ao meu redor sabem que eu não gosto que cantem parabéns, de apagar velas e essas coisinhas. Ela comprou bolo, vela, cantei parabéns mas não quis apagar vela, depois de insistências, apaguei com o afilhado. E ao irmos embora, ficou puta comigo por eu não querer apagar a vela. Mas eu não poderia ficar por ser deixada na mesa. 
Eu só quis sumir. Correr o mais rápido pra minha casa. Ficar no meu silêncio. Aceitar que o dia do meu aniversário é um karma. E chorar no silêncio da madrugada pra repensar minha vida nesse novo ano.
E repensei: 
-não usarei mais redes sociais com a mesma frequência.
-não correrei atrás dela.
-voltarei a escrever aqui pra me sentir um pouco melhor.
-preciso focar nesse final de faculdade.
-preciso escutar música, ler e escrever.
-necessito voltar a caminhar
-saber que sou só eu e meus três cachorros, e isso me basta.